Eu? Escrever? Será?


Bom, aqui eu começo uma nova etapa da vida. Aquela de tentar escrever...

Quando eu era mais nova, eu sempre conseguia escrever. As palavras surgiam na minha cabeça facilmente. E era um processo quase automático. Era...

O que será que mudou? Será que não sou mais capaz de escrever? Será que prefiro guardar tudo para mim? Será que simplesmente não me importo com as coisas que acontecem?
A verdade é que não tenho respostas para nenhuma dessas perguntas...
A vida foi assim passando e parece que me esqueci das palavras, da arte de escrever...
Agora entendo melhor...A falta que isso pode fazer na vida de alguém...

Escrever é mais fácil do que pensamos. Escrever é simples. Escrever é entender a sua própria vida. Escrever é perceber as coisas que acontecem. Escrever é sentir cada minuto da vida. Escrever é um ato de reflexão e contemplação de cada detalhe.
Não há arte mais bela. Você só precisa pensar e escrever.
É só você e as palavras.

Bom, é isso. Não foi tão difícil, mas demorou um pouquinho.

Sabe quando dizem que você aprendeu uma coisa que você nunca vai esquecer como fazer?
Escrever é assim, nunca se esquece como faz e nunca se esquece como se sente depois de fazer.


"Eu disse uma vez que escrever é uma maldição. (...) Hoje repito: é uma maldição, mas uma maldição que salva. Não estou me referindo a escrever para jornal. Mas escrever aquilo que eventualmente pode se transformar num conto ou num romance. É uma maldição porque obriga e arrasta como um vício penoso do qual é quase possível se livrar, pois nada o substitui. E é uma salvação. Salva a alma presa, salva a pessoa que se sente inútil, salva o dia que se vive e que nunca se entende a menos que se escreva. Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada...

[Clarice Lispector]

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